sexta-feira, 19 de junho de 2009

o tucano está nú!



ocaso tucano em rede nacional
Quem assistiu nesta terça-feira as inserções do PSDB nos intervalos do horário nobre deve ter pensado: que lástima! Os social-democratas praticamente inventaram o moderno marqueting político, com FHC, e agora expõe pras salas de todo o Brasil sua própria falta de rumo e unidade. Na verdade, copiaram o modelo do Bill Clinton, mas tudo bem. As duas vinhetas de 30 segundos deixaram no ar a impressão de um partido confuso, desnorteado e dividido. Aliás, pareciam feitas por dois grupos diferentes - dois partidos sob uma mesma sigla?

Aécio em primeiro, Serra em quinto
A primeira vinheta tinha a clara intenção de projetar o mineiro Aécio Neves pruma possível candidatura presidencial em 2010. O neto de Tancredo foi apresentado como o “melhor governador do Brasil”, segundo pesquisa da Folha de São Paulo. No mínimo curioso: na capa do jornal apresentado, mesmo este míope cronista conseguiu ler: “Serra caiu de terceiro pra quinto lugar”.

requentando o fadado Choque de Gestão
Em tempos de Estado fortalecido té nos estêites, o comercial apostou no neoliberal “Choque de gestão” apresentado ao país pelo próprio Aécio em Minas, pelo Alckmin em São Paulo e pela Yeda Crúcius no Rio Grande do Sul (ela ainda está no cargo? - maldade do cronista...). “Gastar menos com o Governo e mais com as pessoas”, o resumo, uma subjetividade. Sem tempo pra aprofundamentos, foram citadas por alto uma ação na área de Educação e outra na área de Saúde como cartões de visita de Aécio Neves e do tal choque de gestão.

de volta à estética FHC
A outra vinheta começou com um bolo de aniversário, lembrando “conquistas do PSDB”. A saber: Medicamentos genéricos (10 anos), Plano Real (15 anos) e Seguro desemprego (20 anos). Em seguida, o VT se concentra na figura do governador paulista, José Serra. Quem assistiu as eleições de 2002 e acompanhou o tucano nos noticiários nos últimos anos deve ter notado um esforço hercúleo pra desfazer a pecha de “chato” grudada na alongada testa do ex-ministro da Saúde.

neurociência cognitiva, ou idealismo vazio?
Na fala de Serra, há de se pontuar o abandono tucano tanto aos ataques ao Governo Lula quanto ao histórico discurso técnico do partido. Parecia um guru indicando o caminho da felicidade: “É assim que o PSDB enfrenta os momentos de dificuldade: acreditar no Brasil e na força dos brasileiros; com fé no futuro e esperança”. Faltou indicar o endereço do templo.

projeto? Candidato? Posicionamento político?
O resumo aponta um PSDB perdido e indeciso. Não tem mais projeto pro país? Não consegue unidade sequer pra bolar duas vinhetas pro horário nobre? Não é mais oposição ao Governo Lula, apenas uma alternativa? O PSDB dormiu no ponto e parece estar cego – deve até mudar seu mascote, mas não há consenso entre o morcego e a coruja.

terça-feira, 16 de junho de 2009

control C control V

"Eu tenho uma biografia, nunca alguém associou minha vida pública ao nepotismo" - José Sarney



Taí abaixo, copiado fielmente do Blog do Noblat .


"Sarney diz que não errou e que não deixa presidência

Trechos da entrevista concedida por José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, a Fernando Rodrigues e Valdo Cruz:

O sr. contratou a Fundação Getúlio Vargas para fazer uma reforma administrativa no Senado. Agora, o sr. também tem aparecido em meio a acusações de comportamento impróprio. O que aconteceu?

Olha, eu acho que eu tenho um nome que deve ser julgado com respeito pelo país. Eu tenho uma biografia, nunca alguém associou minha vida pública ao nepotismo. Os fatos que colocaram estou mandando examinar. O que estiver errado, se corrija. Se eu tiver algum erro, eu sou o primeiro a corrigir. Mas acho que nunca conduzi de outra maneira que não fosse com correção.

E o caso do seu neto, contratado pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA)?

Depois de eu ter sido tudo, se eu fosse acusado de ter nomeado um neto era realmente um julgamento que seria injusto. Eu não pedi ao senador. Disse isso e ele confirmou. E, se ele tivesse me consultado, teria sido o primeiro a dizer não.

(...) Seu neto saiu por conta do nepotismo, mas entrou no lugar a mãe dele. O sr. soube disso?

Eu não sou responsável pelo gabinete do Cafeteira.

O que o sr. acha da afirmação do senador Cafeteira de que nomeou seu neto por dever favores a seu filho, Fernando Sarney?

Você acha que eu, como presidente do Senado, tenho minha biografia, vou discutir uma coisa dessa? Não vou discutir um assunto desse. Minha resposta para vocês é essa.

E os outros casos relacionados ao sr.: duas sobrinhas empregadas em gabinetes de senadores, de Roseana Sarney (PMDB-MA) e de Delcídio Amaral (PT-MS).

Esse é um caso que está sendo estudado, porque parece que ele foi colocado agora. Eu pedi para ser investigado. Eu acho que há uma certa armação no caso da Roseana, na publicação de que foi ato secreto. Esse problema, que não é meu, a chefe de gabinete dela diz que os dados não conferem. Está sendo analisado.

E do Delcídio?

Do Delcídio, eu realmente pedi a ele, uma sobrinha da minha mulher, funcionária de carreira do Ministério da Agricultura, mudou-se para Mato Grosso do Sul, pedi que ela fosse requisitada para trabalhar no gabinete dele. Eu acho que não tem nenhum erro em ter feito esse pedido a ele.

Há atos secretos?

Estou convencido de que há muitas falhas, que pode ter havido não publicações. Vamos examinar.

O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia disse que os senadores conheciam os atos secretos. É correta a afirmação?

Eu nunca soube.

Mas o que aconteceu? Os atos não eram públicos...

Não sei. Isso nós estamos tentando apurar.

(...) Até agora, nenhum congressista foi punido e poucos devolveram dinheiro gasto indevidamente. Isso não produz uma sensação de impunidade?

A população pode até contestar a validade do Congresso. A democracia não vive sem Parlamento. E Parlamento fraco, desmoralizado, é desejo de segmentos da sociedade.

Esse enfraquecimento não ocorre por causa da resposta tímida dos congressistas? No episódio do auxílio-moradia pago indevidamente, inclusive ao sr., não seria o caso de todos devolverem o dinheiro?

Nunca tinha recebido auxílio-moradia. Recebi por oito meses. Mandei interromper ao saber. Quanto aos outros, cada um fará o seu julgamento.

O sr. devolveu o dinheiro ao Senado?

Vou ressarcir. Está em estudo como é que se deve proceder. Isso será um gesto pessoal, meu.

O sr. se arrepende de sua candidatura a presidente do Senado? Pensou em renunciar?

Não. Minha vida foi sempre feita de desafios. Vou exercer até o fim."

segunda-feira, 15 de junho de 2009

ao menos a seleção começou vencendo



Hoje era dia de médico, mas não fui consultado. Na verdade era o retorno de uma consulta do mês passado. Clínica particular, R$ 250 pra olhar pra médica, mas saibam o que me aconteceu. Antes do hoje, o contexto.

A primeira visita a esta médica esteve cercada de curiosidades:- consulta a R$ 250, é? e não atende por hora marcada, é? e é na Caxangá, é, no meio daquelas agências de veículos? vixe! -. O espanto não foi maior que a espera: havendo chegado às 8h, sendo o primeiro da fila, ser atendido próximo das 10h30.

A consulta foi ótima, a médica transmite bastante competencia. Nem parecia a mesma clínica da sala da espera.- Pois é, doutora, eu acho que entrei pela porta errada. Paguei por uma consulta sua, mas fiquei sentada na clínica ao lado, até sua competente equipe me encontrar -. Em alguns minutos até me sentia menos doente. Saí da salinha com receita e marquei o retorno no prazo combinado: Hoje.

Hoje saí de casa pessimista. Lembrei das duas horas e meia de espera na consulta anterior. Não engolia uma consulta tão cara sem sequer hora marcada, mas vamos lá - era retorno. Jogo do Brasil às 11h. Na pior das hipóteses, assistiria na mesma sala de (tortura) espera da outra vez.

Sentei. Entre a nova mansão de uma modelo famosa e a opinião do seu marido - um bilionário investidor raparigueiro de marca maior - fiquei com a edição da Exame (relatório econômico 2006). Durante algum tempo, a diversão ficou por conta do absurdo total das previsões - quando dei conta do mundo em que vivemos. Depois de ler toda a Exame, recebi uma mensagem de amor no celular. Convite pruma conversa pelo MSN - provavelmente a última em no mínimo dois meses.

Na recepção, conferi: a doutora ainda não havia concluído a segunda consulta do dia, em quase duas horas de expediente.

- Moça, faltam quantas pessoas, na minha frente?
- Carlos Henrique, né? Tem mais duas consultas antes da sua.
- Tá, e onde tem uma lan house, por aqui?
- Se o senhor sair da clínica, eu sou obrigada a passar as outras pessoas na sua frente.
- Como?
- É norma da clínica.
- E se eu voltar em 20 minutos, uma hora e meia antes de chegar a minha vez?
- É a norma da clínica, senhor.

E pode haver essa norma? Muito indignado, sentei de volta, retornei a mensagem, folheei algo mais e por fim fui conferir na Caras a tal mansão bilionária da modelo gostosa. Conheci todas as mansões. Algumas trocaram de donas como as donas de maridos. O mesmo megaempreempresário conheci em várias edições; em cada edição, a mesma declaração de amor eterno a uma nova e definitiva companhia.

Da TV, a teleentrega de comida chinesa me fez notar o corpo fraco, faminto. Depois veio a propaganda de cerveja, e a vinheta horrorosa da Copa das Confederações. ãh?! Isso também foi o que pensei. No celular, 10h58. Ao menos não havia sofrido tanto tédio quanto da outra vez. Coméééééça o jogo.

Não dá pra esperar do time do Dunga nenhum espetáculo, mas Kaká ajuda o professor e Luís Fabiano representa como ninguém um estilo de artilheiro poderoso. Nada de futebol bonito: gols é o que tivemos. O do egito mostrou uma defesa canarinha fraquinha, fraquinha. Primeiro tempo: 3x1.

O segundo tempo aumentou minha angústia. Parecia o Sport, em campo: displicência, baixa capacidade técnica, desorganização. Não deu outra: 3x3 e pressão dos dois lados - igualmente jogo ruim dos dois lados. Aos 45 um egípcio evita um gol com um braço, pênalti: Kaká Brasil 4x3. Fim do jogo. Minha barriga agora ronca escandalosamente - e ainda vou voltar pra casa de bicicleta...

Uma senhora entra na sala e me diz que o próximo sou eu. Agradeço e fico feliz, até o revés:- Mas eu queria pedir ao senhor que ceda a vez, porque eu estou fazendo quimioterapia e não me aguento em pé.- Claro, senhora -. Passou mais meia hora e nem eu nem a senhora ali fomos atendidos.

Na recepção, comentei o assunto

- o senhor cedeu a vez porque quis.
- a senhora faria diferente?

Pela porta entra um caso nitidamente mais sério e tanto eu quanto a senhora da quimio cedemos passagem - 15 minutos depois, quando a médica abriu a porta. Não aguentei. Minha consulta de retorno será apenas quinta-feira após o São João - e será a última com aquela doutora.

domingo, 14 de junho de 2009

o lobo mau na CG125

Já é a segunda vez que vejo na minha aldeia (Linha do Tiro, entre a Rodinha, Água Fria e Beberibe) um motoqueiro mascarado. Da primeira vez aquela cara de lobo no capacete sem queixo pareceu até engraçada. Desta fiquei preocupado. É de se preocupar, estou certo?

sábado, 13 de junho de 2009

Blog da Petrobras: resumão do cronista



Cercada pela proximidade de uma CPI sem objeto específico de investigação (ou seja: devassa e exposição midiática), a Petrobras se arma no ataque. Ataque aos agentes do perigo: a CPI e a própria imprensa. A CPI nasce das mãos do senador Álvaro Dias, coronel paranaense de longeva estirpe, com a missão de derrubar a popularidade (80% é covardia...) do governo Lula e mudar a correlação de forças pras eleições de 2010. A imprensa (no caso a “grande mídia”) encontra-se em litígio aberto com a estatal desde quando os interesses do grande capital se voltaram pro petróleo tupiniquim. A tática da estatal foi um blog onde a empresa publica dados e fatos que lhes são convenientes nesta peleja.

Acontece que a publicação no blog de respostas enviadas a jornalistas, antes mesmo da matéria ser escrita ou ir às bancas, cutucava a relação entrevistador-entrevistado. A exclusividade e o sigilo até o estouro da matéria nas bancas são instrumentos do repórter, direitos de quem questiona para verificar fatos e teses até ter um ponto de vista definido: a reportagem. Pro repórter, a assessoria de imprensa funciona como uma biblioteca, e o bibliotecário não tem direito de dizer a ninguém os livros q`aquele poeta anda lendo - no tempo certo, o livro do poeta será publicado e todo mistério pode vir à tona.

A quebra deste princípio ético acua o jornalista. Também acua porque boa parte do jornalismo praticado carece de responsabilidade tanto na apuração, quanto na redação/edição das matérias. Ter as respostas na integra publicadas na internet desmonta as mágicas da edição e da distorção do apurado. Neste sentido, o blog cumpre uma missão gloriosa à cidadania. O detalhe de se publicar a integra antes ou depois da reportagem ir às ruas é que separa o joio do trigo. Publicar antes acua o bom repórter, desmonta o bom jornalismo investigativo - e coloca o bom e o mau jornalistas na mesma trincheira contra a iniciativa da Petrobras.

A Petrobras recuou, e isso foi um bom passo. Mas alguns posts “comemorativos” dão a sensação de haver perdido o senso, entorpecida pelo apoio massivo recebido dos internautas. Talvez não tenha entendido que o aplauso foi para a ação de transparência e objetividade de um órgão público. Não foi apenas o aplauso à Petrobras: foi principalmente o aplauso à boa lógica de uma empresa estatal. Publicar dados e fatos objetivos de temas abordados pela “grande mídia”, assim como a íntegra dos pronunciamentos da empresa para os repórteres, depois que a reportagem estiver nas ruas – fórmula simples, não?

Os aplausos esperam que a fórmula simples faça escola no aparelho do Estado. Querem transparência na lida com a coisa pública. Esperam especificamente que a Petrobras não distorça a excelente ferramenta que criou, transformando-a em mera arma de disputa ideológico-eleitoreira. Os aplausos votam uma vez a cada dois anos, mas agora admitem a possibilidade de maior participação política (cidadania) através de ferramentas da internet. A lisura desta ferramenta pública é sua única chance – e está nas mãos da Petrobras.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

e por falar em possibilidades



Pra não deixar o dia em branco, um exemplo delicioso de que o frevo pode ser feito por gente comum, sem grandes frescuras nem piruetas. Aumente a tela e imagine que é você mesmo, nestes dias molhados de inverno, com um grande guarda chuva na mão e a alma solta no passo. frêêêê-vôôô!!!

postagem reduzida por excesso de possibilidades

A necessidade real de procurar trabalho obrigou o escriba que vos tecla a não atualizar este blog na medida de sua vontade. Ontem tive algumas prosas sobre possibilidades profissionais, e daqui a pouco terei outra reunião que pelo que já sei, vai abrir mais possibilidades... Por enquanto estou vivendo o reino das possibilidades... Não é muito confortável, mas é melhor do que a completa falta de perspectivas.

Depois de cinco anos fora do Recife, a reentrada no mercado de trabalho não está fácil - principalmente em tempos de crise e levando em conta a minha incapacidade crônica de certa articulação. Mas não há o que fazer, senão ir tateando uma ou outra possibilidade. Espero poder sentar diante do computador ainda hoje à tarde pra postar algo decente.